Porque hoje é o “Dia da Memória das Vítimas do Holocausto”, recordo as palavras de Ellie Diesel, sobrevivente do Holocausto e prémio Nobel da Paz:
“(…) não podemos esquecer que mesmo os que estavam perto se recusaram a acreditar. E mesmo os que acreditaram não conseguiram compreender.”
Como escrevia Anne Frank,
“o que aconteceu não pode ser desfeito, mas podemos impedir que volte a acontecer”.
Conhecer e preservar a memória do Holocausto é fundamental para evitar os perigos do ódio, da intolerância e do racismo. E para construir um mundo justo, inclusivo e solidário onde os direitos humanos não sejam o luxo de alguns, e onde a indiferença e a banalização de violações de direitos fundamentais não possam ter lugar.
Aristides Sousa Mendes, o cônsul que desafiou as ordens de Salazar, para salvar as vidas de 30.000 refugiados, durante a II Guerra Mundial “A desobediência à Circular 14”.
No final do conflito mundial, Aristides reagiu ao castigo que lhe fora imposto pelo regime ditatorial, e escreveu à Assembleia Nacional, composta por deputados que pertenciam à União Nacional, explicando que as ordens assina-das por Salazar a que tinha desobedecido estavam diretamente em contradição com a Constituição de 1933, e confi-guravam uma violação do texto fundamental. O espírito desta reação estava de acordo com a manifestação de junho de 1940, na qual, confrontado com a força esmagadora do invasor nazi, declarou: «Não participo em chacinas, por isso desobedeço a Salazar.»
Esta frase foi vista e considerada pelo regime como uma inequívoca acusação a Salazar. Para Aristides, a ordem expressa na Circular 14, não permitindo que os cônsules de carreira passassem vistos de entrada em Portugal a refugiados, era uma ordem colaboracionista: «Participar em chacinas não era apenas praticá-las direta-mente, bastava apenas impedir que as potenciais vítimas tivessem uma porta de saída do inferno em que se estava a tornar a Europa ocupada pelas forças nazis.
Foi a primeira vez (e talvez a única) em que um cidadão nacional, funcionário do Estado, falando de direitos humanos num regime totalitário, denuncia aos ‘representantes da Nação’ a violação da Lei Fundamental por parte do chefe do governo. Foi a 10 de dezembro de 1945 que a reclamação de Aristides foi apresentada na Assembleia Nacional. Nem um único dos 120 deputados teve a coragem e a dignidade de responder….Exatamente três anos depois, a 10 de dezembro de 1948, as Nações Unidas publicavam, em Nova Iorque a Decla-ração Universal dos Direitos do Homem.’
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in Aristides de Sousa Mendes – Memórias de um neto,
de António Moncada S. Mendes
Ler para saber mais em:
Cid@d@nia=Respeito pelos direitos civis!
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