10 PRINCÍPIOS DO PROFISSIONALISMO COLABORATIVO

10 PRINCÍPIOS DO PROFISSIONALISMO COLABORATIVO

( texto do Professor Doutor José Matias – Universidade Católica *)

Hargreaves e O’Connor apontam dez princípios do profissionalismo colaborativo, que o diferenciam da colaboração profissional (ib. Ibid., pp. 6-7):
1. Autonomia coletiva: os educadores têm mais independência da autoridade burocrática top-down, mas menos independência uns dos outros;
2. Eficácia coletiva: a crença de que, juntos, fazem a diferença nos alunos, apesar de tudo o resto;
3. Questionamento colaborativo: os professores exploram regularmente problemas em conjunto, questões ou diferenças de prática com vista à melhoria ou à transformação do que estão a fazer. O questionamento colaborativo é uma marca integrante do trabalho diário dos professores. Os professores identificam e questionam-se sobre os problemas antes de os irem apressadamente resolver;
4. Responsabilidade coletiva: as pessoas têm a obrigação mútua de se ajudarem e de servirem os alunos em comum. Trata-se dos nossos alunos e não dos meus alunos;
5. Iniciativa coletiva: há menos iniciativas, mas há mais iniciativa. Os professores tomam a iniciativa e o sistema encoraja-os; comunidades de indivíduos sólidos, comprometidos a ajudar e a aprender uns dos outros;
6. Diálogo mútuo: as conversas difíceis têm lugar e são ativamente promovidas pelos educadores. O feedback é honesto. Existe diálogo genuíno sobre diferenças de opinião válidas sobre ideias, recursos ou comportamentos desafiantes dos alunos. Os participantes são protegidos por protocolos que insistem na clarificação e na escuta antes de que algum desentendimento ocorra;
7. Joint work: é algo que está presente no ensino em equipa, na planificação colaborativa, na ação de pesquisa colaborativa, no feedback estruturado, na avaliação por pares, na discussão de exemplos de trabalhos de alunos, e por aí fora. Envolve ações e por vezes produtos ou dispositivos (como uma aula, o currículo ou um relatório de feedback) e é muito facilitado pelas estruturas, pelas ferramentas disponíveis e protocolos.
8. Significado e propósito comum: aspira a, articula e promove avanços num propósito comum, maior que os resultados nos testes ou que uma conquista académica. Define e compromete-se com objetivos educacionais que permitem e encorajam os jovens a crescer e a desenvolver-se como seres humanos inteiros que podem viver as suas vidas e encontrar um trabalho com significado e propósito para si próprios e para a sociedade;
9. Colaboração com os alunos: nas formas mais desenvolvidas do profissionalismo colaborativo, os estudantes estão ativamente envolvidos com os seus professores na construção conjunta da mudança;
10. Big picture: todos sabem qual é a big picture. Veem-na, vivem-na e criam-na em conjunto.
Hargreaves e O’Connor (2018, p. 32) realçam também que quando surgem inovações em educação verifica-se uma tendência de as divulgar rapidamente sem se procurar compreender as condições para possam ser eficazes. Propõem, por isso, uma regra com o propósito de melhor o poder fazer, a regra dos quatro B:
i) Before – um esforço de inovação tem mais hipótese de ser bem sucedido se a escola tiver tido experiências de inovação anteriores; o mesmo é verdadeiro com a colaboração – uma nova estrutura ou protocolo de colaboração tem maior probabilidade de êxito se a escola tiver tido experiências prévias de trabalho conjunto;
ii) Betwixt – o foco na colaboração através de, por exemplo, o planeamento, a concretização e o feedback de uma aula aberta não acontece isoladamente – não pode ocorrer numa cultura em que os professores trabalhem sós o resto do tempo;
iii) Beyond – uma escola não vai desenvolver-se tão bem se os seus profissionais apenas colaborarem uns com os outros – os bons exemplos revelam procura de inspiração, evidências e interação com educadores e investigadores de outras paragens;
iv) Beside – na maioria dos casos, se queremos compreender as escolas, devemos também compreender os sistemas em que elas se inscrevem.

  • Professor José Matias Alves é Professor Associado Convidado na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa, Diretor Adjunto da Faculdade de Educação e Psicologia. Coordenador do Doutoramento em Ciências da Educação e membro integrado do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH-UCP).Consultor do Ministério da Educação no âmbito do Programa de “Autonomia e Flexibilidade Curricular”. Presidente do Conselho Fiscal da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (SPCE).

Consultar mais sobre o assunto em:

http://www.andyhargreaves.com/uploads/5/2/9/2/5292616/seminar_series_274-april2018.pdf

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