De acordo com Mendes, G. (2012), o jogo constitui um veículo excepcional para o desenvolvimento infantil, sobretudo no que se refere às capacidades físicas e intelectuais (Cabral, 1985, 1990, 1991, 1998; Almeida, 2000; Kishimoto, 2002), permitindo assim à criança conhecer o seu corpo, explorar o meio que a rodeia e adquirir novas experiências motoras (cf. Doron, 1970; Wallon, 1979; Vygotsky, 1979, 1984; Anjos, 2005).
Deste modo, o acto de jogar é uma das formas mais frequentes de comportamento durante a infância, tornando-se uma área de grande relevância no domínio da educação, saúde e intervenção social (cf. Neto, 1997a, Neto, 1997b; Guedes, 1991; Neto, 1999; Lopes, 2000).
Operacionalmente, no contexto do desenvolvimento infantil, o jogo proporciona à criança um leque de actividades diversificadas que normalmente começam a ser desenvolvidas na escola (cf. Vasconcelos, 1989, 1992; Guedes, 1991). Perante estes elementos, é comum que os professores e educadores utilizem o jogo no contexto das suas aulas, promovendo-o em sintonia com diversas áreas de conhecimento (Neto, 1997a; Kishimoto, 2002; Soler, 2003).
Posto isto, considerando que o jogo é extremamente importante na vida das crianças, o presente trabalho pretende efectuar uma reflexão geral sobre a sua importância no desenvolvimento infantil. Para tal, são apresentadas as potencialidades lúdicas, pedagógicas e educativas que esta atividade possibilita na primeira infância.
O jogo permite transfigurar o ambiente real num mundo imaginário, fictício e irreal (Chateau, 1987; Friedmann, 1996; Wadsworth, 2000). Nesta base, a sua utilidade e aplicabilidade emerge enquanto experiência infantil de “invenção” e espontaneidade (Winnicott, 1975; Júnior, 2009) que resulta como pedra basilar no desenvolvimento psicomotor da criança (Friedmann, 1996; Lopes, 2000; Kishimoto, 2002). Assim, a actividade lúdica (i.e., jogo ou “brincadeira”) permite à criança assimilar novos conhecimentos e experimentar várias experiências motoras, constituindo um recurso pedagógico fundamental no processo de ensino e aprendizagem (Teixeira, 1995; Schwartz, 2002; Maluf, 2003). Para além disso, o jogo actua sobre a criança enquanto mediador de regras, simulações ou “faz-de-conta” (Schaefer, 1994), estimulando o prazer, o convívio e a criatividade (Maluf, 2006).
Por seu lado, Wallon (1979) defende que o jogo permite à criança mostrar os seus sentimentos, identificar papéis sociais e conhecer o mundo que a rodeia. Neste sentido, Chateau (1987); Neto (1997a, 1997b) e Kishimoto (2002) acrescentam que o jogo oferece à criança uma actividade com inúmeras possibilidades de criatividade, adaptação e aprendizagem.
Ao destacar o papel importante que o jogo assume no desenvolvimento infantil, Neto (1994, 1997c, 1999) alerta-nos para o facto da televisão, a Internet e a proliferação dos brinquedos modernos limitarem o raio de acção do jogo, impedindo as brincadeiras de rua, i.e., tanto nos espaços rurais como urbanos. Esta situação parece originar a diminuição das actividades de jogo livre das crianças e, consequentemente, da actividade física e dos hábitos de vida saudáveis. Além do mais, a “evasão” de novas tecnologias tem vindo a ocupar o espaço não só dos jogos, mas também dos brinquedos e jogos tradicionais infantis que foram perdendo espaço entre as crianças (Cabral, 1985; Neto, 1994, 1999; Mariovet, 2002; Ferreira, 2002; Dias & Mendes, 2006; Rocha Ferreira, 2007).
https://www.efdeportes.com/efd173/jogo-no-desenvolvimento-da-crianca.htm
Como em tudo na vida, o “jogo” nem sempre corre bem.
As pessoas não podem jogar de acordo com as regras ou podem ficar chateadas quando perdem ou quando alguém está comemorando sua vitória. Tudo bem e esperado! Nada na vida é perfeito, incluindo jogos. Use esses momentos ensináveis para reforçar os comportamentos esperados, dar feedback e modelar interações positivas. Comece a jogar hoje!
Veja as sugestões em: https://www.encourageplay.com/blog/10-magnificent-games-to-practice-social-and-emotional-skills-with-kids
Deixar um Comentário