
Os tempos que se vivem na escola são de elevada complexidade e é crucial promover o bem estar dos alunos e o sentimento de pertença a este espaço por onde têm obrigatoriamente de passar. Reforço que não é uma ideia romântica querer ensinar com base nos valores e na afetividade, cativando os alunos.
É primordial pôr os alunos a falarem, saber quais as suas prioridades. Elevar os seus níveis de autoestima. Não deixar que se desmobilizem. Quando a motivação é pouca e a fragilidade é muita, porque estão inseridos num contexto de desconformidade, a escola não pode demitir-se dos alunos.
Estes tempos de “reclusão” fizeram-me pesquisar nos meus trabalhos científicos as “vozes” dos alunos do 1º ciclo sobre a escola:
– “sinto-me à vontade pois posso falar sempre com a professora “ (João – 7 anos);
– “ a escola, para mim, significa estudar e aprender com gosto” (Rita – 8 anos);
– “a minha escola é bonita… tem relva para piqueniques. Os professores são tão bons e simpáticos e as auxiliares nem se fala, elas são uns amores connosco” ( Francisca – 8 anos);
– “na escola aprendo a ser bem educada e feliz” ( Maria – 7 anos);
– “ eu gosto da escola porque é bonita, grande e confortável” ( Francisco – 8 anos);
– “eu dou-me bem com todos” ( Fábio – 7 anos);
– “eu na escola sinto-me protegido. Antes havia buracos e terra mas agora há um jardim com flores e relva” (Afonso – 8 anos);
– “fico feliz por estar com os colegas…nem gosto de pensar que posso ficar doente e não vir à escola…” (Diogo – 6 anos)
– “ onde gosto mais de ir é à sala dos computadores pois fico a saber mais tal como o meu irmão (13 anos)” ( Rafael – 8 anos);
– “para mim a escola é importante porque faz-me crescer e aprender em paz…” (Mariana – 8 anos);
“A escola surge como um importante marcador no processo de desenvolvimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos, um contexto privilegiado de intervenção que permite o acesso a todas as camadas populacionais.”
(Pinto e Picado, 2011, p.16).
Os docentes não podem perder a capacidade de ser surpreendidos pelo encantamento de se relacionarem diariamente com os seus alunos. O embate é, por vezes, violento ou deslumbrante mas este é um privilégio de se ser professor.
Cf: Pinto, A. & Picado, L. (2011). Adaptação e Bem-estar nas Escolas Portuguesas. Dos alunos aos professores. Lisboa: Coisas de Ler.
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