30 anos de docência – metáfora da “ostra e das pérolas”

Este blogue não apresenta só artigos de carácter pedagógico mas, também, de cariz reflexivo; neste caso no âmbito da autoreflexão.

Todo o educador/professor necessita de usar a reflexão tal como o maestro necessita da sua batuta. Ao longo da minha carreira tão diversa em desafios pedagógicos, usei a reflexão para entender melhor o mundo da docência, para atualizar-me constantemente com as diferentes formas de pensar e sentir a “educação”.

Este marco da minha vida de docente que poderá corresponder às “bodas de pérola” (casamento) levou a fazer-me  a reflexão de uma vida feita de idiossincrasias e, nas leituras que fiz encontrei uma metáfora que me fez questionar…

 

Conheço Rubem Alves pelos seus escritos e entrevistas. Mas foi o suficiente para me sentir “cativada” seja pela sua fala, ao mesmo tempo mansa e apaixonada pelos assuntos de que se ocupava. Seja pelo jeito singelo que tratava as questões tão profundas e complexas tais como: Deus, a vida, religião, política, educação… tudo assumia uma impressionante simplicidade nas suas metáforas.

 

Uma das metáforas mais conhecidas é a da “ostra e das pérolas” de Rubem de Alves. Justamente aquela que dá nome a um de seus livros mais populares: “Ostra feliz não faz pérola”.

Segundo essa metáfora, uma ostra feliz, isto é, que não tem nada que a incomode, não produz pérolas. Pois as pérol

as são produzidas por uma espécie de mecanismo de defesa, que procura envolver um corpo estranho que se aloja na ostra. Portanto, assim como as ostras, as pessoas sem algo que as incomode não são capazes de produzir uma pérola – uma obra de arte, um escrito, um pensamento, uma música, enfim, uma obra por meio da qual deixe sua marca.

 

Para produzir essa obra é preciso que o sujeito tenha algum tipo de desconforto, que não é 

necessariamente um sofrimento doloroso, mas pode ser uma curiosidade inquietante.

O que me leva a indagar: “Será que sou uma dessas ostras que produziram muitas pérolas?”.

 

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